BLOCKCHAIN

Guia para entender CBDCs

AGOSTO 30, 2022 | por VICKI HYMAN

De onde vem o dinheiro? O banco central do seu país, assim como o Federal Reserve dos EUA ou o Banco do Japão, autoriza a impressão de notas de papel que chegam à sua carteira. A cada dia, menos pessoas estão carregando dinheiro, muita gente nem possui mais carteira física. Estamos fazendo pagamentos com cartões e carteiras digitais.

 

O mundo está se tornando cada mais digital, e os bancos centrais estão estudando a possibilidade, e em alguns casos, já lançando ou testando suas próprias versões digitais de papel-moeda, chamadas de moedas digitais do banco central, ou CBDCs.

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                           1. algo que circula como meio de troca; dinheiro

Na maioria dos casos, elas são projetadas para serem usadas da mesma forma que o dinheiro, para comprar e vender bens e serviços, e também são apoiadas pelo Banco central. As CBDCs têm o potencial de ajudar a modernizar os pagamentos e inserir mais pessoas na economia digital. Veja como as CBDCs funcionam e o que elas significam para os consumidores comuns.

Por que os países estão cada vez mais interessados em emitir seu próprio dinheiro digital?

Mesmo em mundo que está sempre conectado, alguns bancos centrais ainda usam tecnologias ultrapassadas que não permitem o processamento de pagamentos 24 horas por dia, 7 dias por semana. Alguns países estão atualizando sua infraestrutura bancária para permitir pagamentos em tempo real, mas as CBDCs são outra maneira de modernizar a infraestrutura de pagamento, permitindo transações mais rápidas durante mais horários ao longo do dia.

As CBDCs também oferecem uma maneira de reduzir as ineficiências relacionadas à impressão e à movimentação do dinheiro; o custo de administração do dinheiro físico pode chegar a 1,5% do PIB de um país. À medida que a conectividade aumenta e os smartphones se proliferam, as CBDCs também podem representar uma alternativa de incluir mais pessoas na economia digital que, no momento, estão à margem dos serviços financeiros básicos.  

As CBDCs são análogas às criptomoedas privadas?

As CBDCs e as criptomoedas privadas que aparecem nas notícias com frequência, como Bitcoin e Ether, são moedas digitais sem correspondentes físicos. Mas as CBDCs são emitidas por um banco central, com as mesmas garantias do papel-moeda emitido por um país; elas são equivalentes a dinheiro e projetadas para transações diárias. Por outro lado, as criptomoedas privadas não são respaldadas pelos governos. As criptomoedas mais populares são flutuantes, o que significa que seus preços são determinados pelo mercado, por isso, são muito mais voláteis do que o dinheiro tradicional. Elas têm sido usadas mais como meios de investimento do que como uma moeda real para o comércio diário, embora haja uma crescente aceitação de criptomoedas entre os comerciantes e novas opções como "cartões de cripto", que permitem que os titulares de cartões convertam seus criptoativos em moedas fiduciárias em locais que aceitam cartões de crédito tradicionais.

Uma criptomoeda privada que tem atividade significativa são as stablecoins, que são projetadas para ter um valor consistente. Esses tokens estão muito mais próximos das CBDCs do que de seus equivalentes flutuantes, embora também não tenham o respaldo formal de um banco central. Mas os colapsos recentes de stablecoins de renome mostraram que nem todas elas são, de fato, "estáveis", principalmente, se a stablecoin não for apoiada por ativos de reserva líquida e de alta qualidade, o que a tornaria mais suscetível a dinâmicas "bancárias". Para garantir a soberania e a estabilidade financeiras, alguns governos estão apostando no desenvolvimento de suas próprias moedas digitais para acompanhar os novos conceitos fintech, como as stablecoins.

Com que velocidade as CBDCs decolarão?

Nove em cada 10 bancos centrais estão explorando CBDCs ativamente de alguma forma, e os bancos centrais de países, que representam um quinto da população mundial, alegam que provavelmente emitirão uma CBDC nos próximos três anos, de acordo com uma pesquisa de 2021 do Banco de Compensações Internacionais (BIS). As CBDCs só foram totalmente lançados nas Bahamas e na Jamaica em 2020 e 2021, respectivamente. Vários outros bancos centrais, incluindo o Banco Popular da China, O Banco Central do Caribe Oriental e o Banco Central da Nigéria, lançaram pilotos em larga escala nos últimos anos. A maioria dos outros bancos centrais envolvidos em CBDCs ainda está em estágios exploratórios iniciais.  

É importante ressaltar que os esforços de desenvolvimento de CBDCs em todo o mundo têm motivações políticas diferentes, como melhorar a inclusão financeira, eficiência dos sistemas de pagamentos domésticos ou o papel do dinheiro do banco central em um mundo cada vez mais digital. Nesse contexto, o nível de comprometimento e progresso relacionado a esses esforços varia de forma significativa entre os mercados, impactando a resposta sobre se e quando os países lançarão uma CBDC.

Em geral, é improvável que ocorra uma implantação generalizada em breve, de acordo com o BIS, pois há muitos desafios técnicos a serem superados, e os bancos centrais que consideram adotar CBDCs podem precisar de autorização de seus órgãos legislativos para emiti-los. Além disso, os bancos centrais tentarão coordenar políticas e padrões internacionais para CBDCs, ou seja, ainda há um longo caminho a ser percorrido.

As CBDCs substituirão o papel-moeda?

Existe uma chance, mas é improvável. Afinal, as trocas ainda existem, mesmo após milhares de anos da introdução da moeda física. Embora as transações digitais tenham aumentado e a mudança para pagamentos por aproximação tenha se acelerado durante a pandemia, o dinheiro continua sendo o meio de troca mais popular em todo o mundo, principalmente nos mercados em desenvolvimento. Por exemplo, 96% do total de transações na Indonésia são feitas em dinheiro, de acordo com a McKinsey. A maioria dos bancos centrais disse estar comprometida em emitir e distribuir dinheiro físico, desde que haja demanda por ele. Mas, assim como os cartões, os pagamentos em tempo real e, mais recentemente, as carteiras digitais oferecem às pessoas mais opções e segurança, as CBDCs também poderiam fazê-lo. 

Como o pagamento com um CBDC funcionaria?

 Os projetos de CBDCs variam, mas um que se adeque à infraestrutura de pagamento atual funcionaria muito como uma carteira móvel. Um banco central poderia emitir o dinheiro digital para instituições financeiras para distribuição, ou até mesmo diretamente para sua carteira digital , assim como o depósito direto de um benefício social do governo ou pagamento de incentivos fiscais. Os pagamentos poderiam ser feitos da mesma forma que são feitos atualmente com celulares.


Este artigo foi publicado originalmente em 21 de julho de 2021. Ele foi atualizado para incluir a atualização do desenvolvimento piloto de CBDCs e o recente colapso de stablecoins de renome.

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Denadai, Andrea , Mastercard